As cidades do interior estão crescendo… para o alto!

Nos últimos anos, um fenômeno urbano tem chamado a atenção em diversas cidades interioranas: o crescimento das moradias verticais. Embora tradicionalmente associadas a grandes centros urbanos e capitais, essas construções têm ganhado espaço também em cidades
de porte menor. Esse movimento, além de revelar uma mudança no perfil das áreas urbanas, também reflete transformações econômicas e sociais mais amplas.

Definição e ascensão de moradias verticais

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define apartamento como moradia em edifícios com dois ou mais pavimentos que tenham áreas comuns de convivência, como um hall, além de escadas ou corredores que conduzam a diferentes domicílios.

O conceito de moradias verticais, que inclui edifícios de apartamentos e condomínios, tem se expandido para além dos limites das metrópoles. Em cidades interioranas, onde o estilo de vida tradicionalmente valoriza residências horizontais e espaços mais amplos, a verticalização surge como uma alternativa viável e atraente. Fatores como o crescimento populacional, a valorização do espaço urbano e a busca por infraestrutura moderna estão impulsionando essa tendência.

Dados do Censo do IBGE entre 2000 e 2022 mostram que a proporção de pessoas morando em apartamentos no Brasil aumentou significativamente, passando de 7,6% em 2000 para 12,5% em 2022. Embora o Brasil seja um país em que 84,8% da população reside em casas, cidades que não são metrópoles, como Santos (SP), Balneário Camboriú (SC) e São Caetano do Sul (SP), têm mais da metade de seus moradores vivendo em apartamentos. Isso evidencia uma crescente preferência por moradias verticais, mesmo em regiões menos urbanizadas.

Mas quais são o motivos da verticalização?

1. Eficiência no uso do solo: com a limitação de espaço disponível para novas construções, edifícios verticais oferecem uma solução para acomodar mais pessoas sem a necessidade de expandir constantemente as fronteiras urbanas. Isso é notoriamente visível e crucial para cidades em expansão.

2. Valorização imobiliária: a construção de apartamentos e condomínios em áreas interioranas pode resultar em uma valorização significativa das propriedades. O aumento da demanda por moradias com infraestrutura moderna e localização centralizada faz com que os empreendimentos verticais sejam atraentes tanto para investidores quanto para compradores.

3. Infraestrutura e serviços: edifícios verticais frequentemente vêm acompanhados de melhorias na infraestrutura e nos serviços urbanos, como áreas de lazer, segurança e comodidades. Isso contribui para uma maior qualidade de vida e pode atrair novos moradores que buscam uma combinação de conforto e praticidade.

4. Sustentabilidade ambiental: quando bem projetados, os edifícios podem ser mais eficientes em termos de energia. Tecnologias como sistemas de aquecimento e resfriamento centralizados, aproveitamento de luz natural e recursos energéticos sustentáveis, como painéis solares, são exemplos de sustentabilidade que podem ser implementadas nos projetos.

E quais são os impactos sociais e urbanos da verticalização?

A verticalização pode atrair um público diferente para essas cidades, como profissionais jovens e famílias que buscam modernidade e conveniência. Isso pode gerar uma revitalização das áreas centrais e estimular o comércio local.  

O investimento nesses edifícios tende a estimular a economia local, gerando empregos e incentivando o desenvolvimento de outros setores, como serviços e comércio. A presença de novas construções também pode atrair investimentos adicionais para a cidade. Por consequência, influencia a forma como as pessoas interagem e se relacionam com suas comunidades. Em prédios com áreas comuns bem projetadas, como praças, academias e salões de festas, há oportunidades para o desenvolvimento de laços sociais e atividades comunitárias.

Contudo, as moradias verticais também apresentam desafios. Essa revitalização pode também resultar no processo de gentrificação, deslocando residentes de longa data e alterando o caráter das comunidades. Além disso, a verticalização exige uma necessidade maior de serviços urbanos, como transporte, saneamento e áreas de lazer. Cidades que não estão preparadas para essa mudança podem enfrentar problemas de congestionamento e sobrecarga de infraestrutura. O planejamento urbano precisa ser cuidadosamente gerido para garantir que não haja sobrecarga nos recursos existentes.

Outro ponto importante a ser ressaltado é sobre a segurança e manutenção dos edifícios verticais, que requerem uma gestão eficiente para garantir que os espaços comuns e as áreas privadas estejam sempre em bom estado. A gestão condominial eficiente e a implementação de medidas de segurança são cruciais para evitar problemas e garantir a tranquilidade dos moradores.

O aumento da verticalização nas cidades interioranas também reflete mudanças nas legislações urbanísticas. Em cidades como São Paulo e Porto Alegre, as legislações vêm sendo flexibilizadas, tornando-se mais suscetíveis às dinâmicas do mercado imobiliário. Essas mudanças visam acomodar o crescimento e a modernização das áreas urbanas. Por outro lado, o Rio de Janeiro, onde o limite de altura dos edifícios quase não foi alterado desde a década de 1970, exemplifica uma abordagem mais conservadora, preservando uma paisagem urbana distinta e limitando o crescimento vertical.

O futuro das cidades interioranas

À medida que as cidades interioranas continuam a crescer e a se modernizar, as moradias verticais devem desempenhar um papel cada vez mais importante. Este fenômeno reflete uma adaptação às novas realidades urbanas e econômicas, oferecendo uma solução inovadora para o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida nas regiões menos populosas.

A verticalização pode ser vista como um passo em direção a um futuro urbano mais equilibrado, onde a modernidade se harmoniza com a tradição, e a eficiência no uso do espaço contribui para o bem-estar das comunidades. Resta acompanhar como essas cidades vão integrar essas novas construções e como os moradores se adaptarão a essa nova dinâmica habitacional.

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